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LITERATURAR EM SALA DE AULA: ISSO É POSSÍVEL?

Foto do escritor: Marlon Richard Alves PillonettoMarlon Richard Alves Pillonetto

Atualizado: 18 de ago. de 2023

Literatura por prazer: isso sim é aula!

Fonte: Elaborado pelo autor (2020) em <canva.com>.


Já parou para pensar o porquê de os alunos terem tanta aversão às leituras de textos clássicos? Talvez seja por terem uma linguagem mais arcaica e complexa; talvez por não gostarem da temática; talvez pela imposição a leitura; talvez; talvez; talvez... São muitos os talvez!


O que posso afirmar é a certeza de o motivo não ser porque simplesmente por não gostarem de ler.


Pensem comigo... Os alunos ficam quase o dia todo conectados, seja no Facebook, Instagram, Twitter, Fanfics, enfim. Eles passam o dia conectados na internet e recebendo milhões de mídias verbais. Desse modo, eles passam o dia lendo.


Minha irmã, por exemplo, ama ler e passa o dia lendo Fanfics, e nos fazendo comprar os livros que dai vem. Sendo assim, como professor de literatura eu compreendo que o aluno gosta de ler, porém, na maioria das vezes, não gostam de ler os clássicos. Em outras palavras, o que são obrigados pela escola.


Para tentar compreender essa dicotomia, retornei a minha época de estudante de ensino médio, já que eu amava ir à biblioteca da escola e pegar um bom livro. Claro que tive muita influência de minha Mãe que era leitora e por isso, sempre me deu bons livros. Entretanto, isso não foi o único influenciador para a leitura ser um deleite para mim.


Ainda neste flashback de minha época de estudante, lembrei-me que eu nunca tive professores que utilizaram a literatura/leitura como um ato de castigo ou de injetar conhecimento forçado, mas sim professores que mostravam em suas palavras e em seu olhar o quão determinada narrativa seria legal. Foi assim que me apaixonei por romances como "A moreninha", Memórias póstumas de Brás Cubas", "Dom Casmurro", entre outros.


Todavia, não posso ser hipócrita em dizer que amo todos os clássicos, mas compreendi o quão importante era conhecê-los. Afinal, conhecer literatura, é voltar a um passado e vivenciar estruturas sociais de outra conjuntura, mesmo que no sentido figurado e ao avesso.


Sendo assim, transformei minha metodologia de trabalho, claro que no começo tive que ser mais firme. Contudo, no final os resultados foram incríveis!


Sendo assim, gostaria de trazer o resultado de um trabalho, no qual tive a participação de quase 90% de leitura do romance "Dom Casmurro", de Machado de Assis. A proposta era realizar a leitura da narrativa para depois construirmos um júri simulado.


Até ai, nada de novo. Mas, desta vez, minha organização foi diferente e durante as aulas eu dava insites da história, tentando fomentar a leitura. Além disso, como trabalho com monitoria de turma, meus monitores me auxiliaram na mensuração de quem estava lendo, para eu ter ciência de como estava o andamento da atividade.


Após a leitura, os alunos foram divididos em três grupos, por mim: a defesa de Capitu, o júri e o lado acusador, correspondente ao Bentinho. O mais legal é que definimos papéis para a sala toda, o que deixou todos com responsabilidades significativos no "teatro". Assim, caso um não participasse, o teatro não poderia acontecer (claro que tivemos alunos que desistiram no percurso, mas eu tinha um plano B e tudo deu certo).


Em seguida, os alunos receberam um material para elaborarem seu argumentos, ou seja, o advogado de Capitu selecionou testemunhas e tentou criar argumentos e perguntas para Bentinho e vice e versa. Lembro aqui que eram somente proposições, pois na hora do rush, o grupo adversário poderia fazer questionamentos e trazer testemunhas que eles não haviam cogitado. Isso foi o mais legal!


O mais bacana é que os grupos não poderiam se conversar e teriam que usar acontecimentos da história para tentar fazer que seu grupo ganhasse. Em outras palavras, provar ou não a traição de Capitulina com Escobar.


Ademais, levei para a sala dois capítulos da série Drop Dead Diva, para que a sala compreendesse como funciona um júri. Ahhh! Super recomendo a série. Ela é maravilhosa e engraçada.


No final de tudo, o trabalho foi excelente, com uma construção argumentativa fantástica, bem como eles mostraram que conheciam a narrativa. Sem contar que todos se divertiram bastante, com seus trajes e mostra do trabalho.


Ressalto que, ali compreendi o quão é importante tornar a leitura dos textos clássicos menos focadas para o vestibular e mais pelo prazer da leitura da narrativa. Afinal, se eles fizerem com amor e prazer, com certeza vão aprender e arrasar nos vestibulares.


Por fim, compartilho as fotos com o resultado de nosso trabalho.

Thaila (testemunha - psicóloga) e João Pedro (juiz).
Júri simulado.
Júri simulado.
Júri simulado.
Mateus (Bentinho), eu e Bruna (Capitu).
Turma 2ºA - Júri simulado sobre o romance Dom Casmurro de Machado de Assis.

Até a próxima!


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